Ex PM vai a juri por morte de Geisa

 Ex-PM vai a juri por estupro e morte de Geisa 

no bairro Iguape, em Ilhéus. Está confirmado para o dia 20, em Santo Antônio de Jesus, o julgamento do ex-sargento da Polícia Militar Eduardo Claudino Lindote de Santana, o “Sargento Lindote”. 
      O júri será realizado longe do sul da Bahia porque a defesa pediu o desaforamento, uma manobra jurídica para minimizar uma suposta pressão popular. 
      Lindote é acusado de estuprar, espancar e assassinar, em 9 de dezembro de 2004, em Ilhéus, a estudante Geisa Gabriela Marinho dos Santos, na época com 15 anos. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), a estudante foi jogada ainda viva no Rio Almada. 
      O corpo foi encontrado boiando perto do bairro em que morava. A vítima morava em frente à casa de Lindote, no Iguape. Testemunhas confirmaram no inquérito policial e no processo crime a denúncia do Ministério Público de que o autor do estupro e assassinato foi o Sargento Lindote. 
      As provas 
      Segundo o advogado da família de Geisa Gabriela, Davi Pedreira, testemunhas viram, na noite do crime, o veículo de Eduardo Lindote perto do local em que o corpo foi encontrado. Em depoimento, o ex-sargento alegou que no dia do crime não saiu de casa e o carro ficou o tempo todo na garagem. 
      Durante as investigações, na época conduzidas pelo delegado Evy Paternostro, os vizinhos lembraram que naquele dia o ex-PM esquivou-se de ajudar nas buscas. Contaram que Lindote era o primeiro a ajudar nos problemas policiais no bairro, mas no dia do crime não se importou. 
      Testemunhas contam que o acusado lavou a garagem e o carro na madrugada do crime. Pedreira afirma que a polícia encontrou comprimidos de Diazepam diluídos em refrigerante, manchas de sangue, fios de cabelo humano compatível com o de Geisa e outros objetos que o ligam ao crime. 
      A situação do ex-PM se complicou de vez depois que ficou comprovado que ele e uma irmã fizeram ligações para testemunhas, pressionando para que não depusessem. De acordo com Pedreira, uma das ligações foi feita quando o ex-oficial estava detido no Batalhão da Polícia Militar de Ilhéus. 
      Na época, o então titular da Vara do Júri de Ilhéus, Alfredo Couto, enviou cópia dos depoimentos das testemunhas intimidadas para o comando da PM e o próprio acusado confessou uma das ligações. 
      Expulsão 
      Após a acusação de estupro e assassinato, Lindote respondeu a processo administrativo e foi expulso da Polícia Militar, em setembro de 2006. Ele chegou a ficar preso no Presídio Ariston Cardoso, em Ilhéus. 
      No decorrer das investigações, a polícia descobriu que Lindote espancou e tentou estuprar, um ano antes de assassinar Geisa Gabriela, no final de 2003, na praia de São Domingos, uma menina de 13 anos que conseguiu fugir. Foi descoberto também que o ex-PM espancava a ex-mulher. 
      O julgamento, no próximo dia 28, será presidido pela juíza de Santo Antônio de Jesus, Katia Regina Mendes Cunha. O promotor Alexandre Soares Cruz será o representante do Ministério Público Estadual, tendo como assistente de acusação o advogado Davi Pedreira. 
      Antes do julgamento, na quarta-feira, 21, amigos e familiares realizam, no centro de Ilhéus, mais uma manifestação cobrando a condenação do acusado. A concentração para o protesto acontecerá a partir de 12 horas, em frente ao prédio Misael Tavares. 

*Jornal A Região